quarta-feira, julho 12, 2006

Meu Brokeback Particular


Conheço um cara há muitos anos. Eu era muito amigo do irmão dele e passamos a ser muito amigos. Claro que sempre tive um tesão enrustido nele. Corpo perfeito, olhos verdes, alto, pinta de machão e um sorriso encantador. Seu nome quer dizer "caçador de javalis", e toda essa aura que o acompanhava, me encantava.

Entretando, eu não me atrevia a nada. Era meu amigo, heterossexual, o maior "pegador" de menininhas. Tem um gênio difícil, se irrita com facilidade, tendências a ser violento, mas a única pessoa que o conseguia trazer à razão, era eu.

Inúmeras vezes o presenciei tendo rompantes de raiva e me colocava entre ele e a outra pessoa (algumas vezes namoradas, irmãos e até mesmo a mãe). O confrontava mesmo, e embora eu soubesse que ele tivesse vontade de me matar por aquilo, me dava as costas e saia. Eu ia atrás, claro, e conversando ele se acalmava, vinha dormir em minha casa e as coisas pra ele melhoravam.

Passei noites o vendo dormir, a respiração dele. Inventava que me mexia muito a noite e minha mão sempre caia "providencialmente" sobre seu tórax. As vezes ele tirava delicadamente, as vezes deixava. Não sei se ele acordava ou era gesto instintivo. Dormimos na mesma cama várias vezes. Ele trocava de roupa na minha frente e conversava muito comigo. Dizia que conseguia se sentir em paz na minha casa, onde sempre foi seu refúgio.

Quantas vezes me masturbei pensando nele chegando com seu chapéu de vaqueiro, calça apertada e me currando na parede? Quantas vezes quis chupá-lo em segredo ao ver aquela bunda perfeita imaginando minhas mãos apalpando-as?

Tivemos uma briga séria uma vez, passamos quase quatro anos sem dirigir a palavra um ao outro. Então, em um breve encontro de embreaguez ele me pediu perdão, se ajoelhou aos meus pés, chorou feito criança e me beijava ternamente no rosto na frente de todos. Voltamos a ser amigos.

Com esse retorno a amizade voltou tudo aquilo em que eu tinha passado anos sem ter: problemas. Toda a carga emocional que o acompanhava, retornou. Ele sempre ligava pedindo para vir dormir aqui. Ele chegava, tirava a camisa, colocava um short e se deitava na minha cama assistindo TV.

Um dia se queixou de dor nas costas, eu sentei na cama e pedi para olhar, dava pra ver um nódulo. Ele reclamou que foi no treino de Muai Thay havia uns três dias. Fui ao banheiro peguei um hidratante e o mandei deitar de bruços.

Massageei suas costas com afinco, sem tirar nenhuma casquinha, interessado em desfazer aquele nódulo até que ele suspirou perguntando aonde eu tinha aprendido a fazer massagem. "Tenho amigos fisioterapeutas", respondi. O nódulo já tinha se desmanchado quase por completo quando ele disse "que a idiota da Fulana (namorada dele) não sabia fazer massagem", comecei a massagear todas as costas para ele "relaxar". Massageei braços, costas, cintura e ele as vezes soltava um "tá massa". Eu estava excitadíssimo, desejava tirar aquele short e chupar todo o seu cacete. Foi quando o mandei virar de frente e passei a massagear seu tórax. Fazia movimentos firmes, ele ficava me olhando e comecei a ficar todo errado e parei.

Eu não podia continuar. Acho que no meu íntimo eu queria que ele tomasse a iniciativa.

Ele não tomou. Bati uma punheta rápida no banheiro e voltei pro quarto. Ele continuava deitado, elogiou minha massagem e foi dormir.

Minha neurose ficou tão grande que eu passei a mandar mensagens pro celular dele perguntando quando aparecia, se precisava de alguma massagem. Ele sumiu por um tempo.

Depois apareceu mas eu não tinha coragem de oferecer massagem nenhuma, nem ele reclamou de nenhuma dor no corpo. Passado algum tempo ele teve que trabalhar no interior, sempre quando vem à cidade me da uma ligada, conversamos um pouco, mas nunca mais o vi. Eu acho que ele no fundo quer, mas o pensamento machista de nossa cidade e família/amigos/criação dele o impede de tomar a iniciativa.
É como se o que ele quisesse é ter alguém que o faça feliz. Sei que não vou conseguir expressar aqui em palavras nosso relacionamento.

Ainda me masturbo pensando nele. Meu cowboy, meu caçador de mim.

Ele sempre aparece, mas eu sei que nunca vou conseguir tomar a iniciativa. Quando será que vai aparecer outra chance dessas?Um amigo disse que foi melhor assim. Se tivesse rolado algo, ele iria me afastar e só ia me procurar pra eu ser a "putinha" dele.

Sinceramente, eu não ia achar nada ruim.

Um comentário:

Ro Fers disse...

Caraca! Que história bacana, fiquei a imaginar o tal garotão, pelo jeito ele deve ser um másculo muito bom....
Notei que tu teve várias oportunidades, mas tu deve ser como eu, espera a atitude dos outros, ainda mais no caso dele que é considerado pegador da meninas, então é meio arriscado a tomar alguma iniciativa.
Mas com jeitinho e paciencia tu consegue, visto que ele pode estar esperando sua atitude.
Abraços!